quinta-feira, 26 de junho de 2008

TRAGÉDIA DO MORRO DA PREVIDÊNCIA

TRAGÉDIA DO MORRO DA PRIVIDÊNCIA EXPÕE O CAOS NUM BRASIL QUE SE RECUSA A ADMITIR QUE ESTÁ PERDENDO PARA AQUELES QUE QUEREM DESTRUÍ-LO EM NOME DE OUTROS PROJETOS DE PODER
Por Rebecca Santoro
18 de junho de 2008

E sem também esquecerem de cobrar esclarecimentos sobre esse acordo entre Lula e Crivela, feitos à revelia das recomendações em contrário do CML e sem o prévio consentimento, ou mesmo um aviso sequer, dos órgãos competentes do Estado do Rio de Janeiro.
Em rigorosamente nenhuma das entrevistas veiculadas pelos meios de comunicação se ouviu sequer o mais remoto pronunciamento sobre a necessidade de identificar e de punir, com os rigores da lei, os traficantes executores do assassinato das três vítimas e muito menos se ouviu quem quer que fosse condenar estes traficantes por flagrante desrespeito aos direitos humanos. Tratados como monstros, somente os militares, em óbvia atitude discriminatória. Que espécie de senso de justiça é esse o dessas pessoas?

É inacreditável: Como revela reportagem da Folha Online de hoje, 18 de junho, quatro dias após o assassinato de três jovens nem a Polícia Militar nem a Civil fizeram nenhuma investida na favela da Mineira para tentar prender os traficantes apontados como assassinos e para fazer ao menos uma perícia do local onde as vítimas teriam sido executadas. Ninguém foi preso e nem mesmo formalmente acusado pelo crime. A própria Secretaria da Segurança do RJ informou que simplesmente não há nenhuma operação em curso e nem prevista para a Mineira e que eventual ação na favela

ficará a cargo das delegacias especializadas. Que instituições são estas? Que estado de Direito é esse?
Gente capaz de cometer crimes existe em tudo quanto é lugar. Ainda mais em situações adversas. Por isso, o importante é agir com rapidez para identificá-las, detê-las e assim lhes manter até que sejam julgadas e, finalmente punidas. Não pode haver corporativismo entre membros de uma classe ou de uma instituição para proteger quem quer que tenha cometido crime. E não está havendo. Há que se ressaltar, também, que o Comandante Militar do Leste, Luiz Cesário da Silveira Filho, tomou, ainda, a iniciativa de convocar os parentes das vítimas para lhes pedir desculpas formais, em nome das FFAA.
O leitor tem visto essa eficiência toda por aí? Não, é claro. Não se vê a mesma reação em relação a uma imensidão de outros tipos de crime, mais ou menos graves, e até mesmo alguns do mesmo calibre, mas que foram cometidos por gente que faz parte de outras instituições, ou por gente chegada ao governo, ou por gente que faz parte de determinadas corporações, de movimentos chamados populares, de grupos étnicos patrocinados por ONGs, etc.
Até agora, o Exército tem reagido exemplarmente ao trágico acontecido. Repito: age com rigor exemplar. Mas, entretanto, não usou deste mesmo rigor para cuidar de seus próprios homens, que ficaram expostos a situações humilhantes, sem ter como reagir contra seus agressores, numa missão estressante e coberta de irregularidades. A tragédia que aconteceu no morro da Providência era eminentemente previsível e poderia perfeitamente ter sido evitada se o Planalto e o Ministério da Defesa entendessem alguma coisa de ações militares e, por sua vez, se o Comando do EB não estivesse tão preocupado em forjar (porque só forjando mesmo) uma situação almejada de bom relacionamento com aqueles que se apropriaram do Estado brasileiro e o transformaram num refém do governo petista - situação que qualquer um que tenha mais de dois neurônios é capaz de avaliar não se pretender como apenas transitória.
Desesperada atrás de verbas, as FFAA vêm caindo sistematicamente em contos enfeitados por discursos ufanistas de falsos patriotas (cuja pátria é, na verdade, a grande aldeia global socialista) que acenam com incentivos de reforma e de reaparelhamento inseridos num contexto de ascensão da era da nova democracia - que todos sabem perfeitamente tratar-se de uma mal disfarçada ditadura populista. Os livros estão cheios de exemplos que mostram exatamente como é que terminam histórias assim. Ninguém estuda mais História nesse país?
Voltando à tragédia da Providência, outra coisa que não está sendo divulgada pelos meios de comunicação televisivos e nem por jornais de grande circulação é que a polícia tem ciência do fato de que duas das vítimas tinham passagens pela polícia: Wellington, quando era menor, foi detido para averiguação, ocasião em que recebeu ligações de dois supostos gerentes do tráfico da Providência e David foi detido há mais de dois anos por porte de arma e corrupção de menores. Sabe-se também que, apesar da ocupação parcial do Exército no morro, o tráfico continua atuando, apenas tendo se deslocado dos pontos da favela que estão ocupados pelos militares.
Além disso, há outros dados importantes que não saem na TV, veículo de alcance incomparável. A colunista da Folha de São Paulo, Eliane Cantanhêde, divulgou em sua coluna (1706/2008) o 'parecer encampado pelo Comando do Exército, em Brasília, o Comando Militar do Leste (CML) alertou para os riscos da participação militar no projeto Cimento Social no morro da Providência'... 'O comandante do CML, general-de-exército Luiz Cesário da Silveira Filho, enviou o parecer ao comandante do Exército, general Enzo Peri. Discorreu sobre os riscos do contato de militares com bandidos, falou sobre a possibilidade de haver tiroteios e até mortes de civis com balas perdidas. Seu temor era que os militares estariam em áreas conflagradas, mas sem flexibilidade legal para real combate ao crime'... 'Foi, porém, voto vencido. O Palácio do Planalto seguiu a sugestão do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) e o projeto virou convênio dos ministérios de Cidades e da Defesa'.
A jornalista Lúcia Hipólito, em sua coluna, ressalta que maior escândalo maior ainda é 'a população do Rio de Janeiro - e do Brasil - ter sido informada, da forma mais chocante possível, que um destacamento do Exército está sendo utilizado para reformar casas e pintar fachadas no morro da Providência, como parte de um projeto eleitoral do ex-bispo e senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), candidato a prefeito da cidade do Rio de Janeiro... Isso mesmo: o Exército brasileiro foi privatizado para atender aos interesses eleitorais de um candidato, correligionário do vice-presidente da República e membro atuante da base aliada do governo'.
Ela cita, ainda, como agravante o fato de o Comando Militar do Leste ter dado parecer contrário à operação, que foi encampado pelo comando do Exército. Diz a jornalista: 'mas, o Palácio do Planalto deu sinal verde para que fosse realizado um convênio entre o Ministério das Cidades e o Ministério da Defesa para viabilizar a atuação do Exército na comunidade', reformando fachadas e telhados de casas populares. Informa também que 'a Secretaria de Segurança do governo estadual não foi informada da operação. Só recentemente o secretário de Segurança declarou, em depoimento na Câmara dos Deputados, que ficara sabendo da presença do Exército no morro'.
O mais grave, entretanto, que revela esse infeliz e condenável ocorrido, eu suponho, não vai passar nem perto de ser abordado em todos os pontos de vista que serão divulgados pela grande imprensa sobre o caso. Não se trata de nenhuma novidade - ao contrário, é preocupação antiga, cada vez maior, e da mais óbvia conclusão. Basta saber um pouco de matemática e fazer os mais simples exercícios de lógica.
Em agosto do ano passado, por exemplo, num dos artigos que foram escritos sobre a crise aérea, SANGRIA NO AR, entre outras considerações, havia trechos em que se falava exatamente sobre os problemas de pessoal que afetavam as FFAA:
- Não é de hoje que as FFAA vêm tendo seus salários aviltados e suas verbas para operações, para compra de equipamentos e para o desenvolvimento de projetos fortemente contingenciadas - para não dizer, criminosamente, boicotadas. Uma criança de 10 anos poderia prever algumas das mais óbvias conseqüências: abandono da carreira por parte de pessoas mais qualificadas - o que é um desperdício do investimento nelas feito; desinteresse pelo ingresso na carreira militar por parte daqueles indivíduos mais bem preparados intelectualmente dentro da sociedade - o que gera, por outro lado, o rebaixamento do nível de exigência, em termos de preparação educacional, para que se ingresse na carreira, na medida em que se precisa de um contingente mínimo. A longo prazo, isso certamente acaba (ou acabará) fazendo com que, lá na frente, tenham-se pessoas intelectualmente despreparadas para comandar nossas Forças Armadas.
Isso sem falar nas probabilidades estatísticas de correlação entre as causas deste despreparo intelectual e de possíveis problemas relacionados ao déficit no recebimento de transmissão de valores importantíssimos para a formação do indivíduo, adquiridos dentro do convívio familiar sadio, que são imprescindíveis para que se formem bons seres humanos e cidadãos.
- Podem ser nefastas conseqüências deste despreparo, entre outras coisas, dentro das FFAA, problemas com o aumento do índice de corrupção, de roubos de armas e de equipamentos, do uso de drogas e ainda com o aumento do contingente de pessoas facilmente influenciáveis pela pregação de um nacionalismo ufanístico que pode vir a favorecer a sustentação de governos comunisto-populistas, etc. E o pior: o surgimento futuro de uma classe de comando - ora mais preocupada com seus próprios benefícios do que com os das tropas, ora desmotivada pela incapacidade mesma de compreensão, por parte destas tropas, do significado que deveria haver por trás das fardas que vestem. Tropas de mentalidade curta e sem preparo intelectual - esse é o maior dos desastres.
- Hoje, já não se fala nem mais nessa questão de fundamento - que seria o sucateamento do indivíduo militar -, mas, sim, do sucateamento dos equipamentos e das instalações... É preciso cuidado nesse ponto. Antes de aparelhar a Força, é necessário que se paguem salários melhores. Por todos os motivos que já foram acima citados. Mas, suspeita-se que isso não acontecerá enquanto o governo não tiver a mais absoluta certeza de que os beneficiários deste justo aumento não sejam aqueles que tenham as condições de lhe ameaçar seus planos de poder... Quem não quiser enxergar o óbvio que finja que não é nada disso...
- Antes ainda do artigo acima citado, publicação, em junho de 2005, no site Inforel http://www.inforel.org/), trazia uma série de dados alarmantes. Revelava que, segundo dados do governo, em 2005, os servidores do Executivo custavam, em média, R$ 4.413 por mês cada um. Contabilizados os gastos com os inativos, a média por militar ficava em R$ 2.507 e continuava sendo a mais baixa entre o funcionalismo dos três Poderes. No Legislativo, a despesa média por servidor era de R$ 8.640 e, no Judiciário, de R$ R$ 8.704. As estatísticas do governo revelavam ainda que, na última década, as despesas com militares ativos eram as que menos haviam crescido. Havia dez anos, o servidor civil do governo federal custava em média 50% mais que o militar. Em 2005, essa diferença era de 121%. Em 1995, o gasto médio por funcionário do Legislativo e do Judiciário era 309% e 172% maior que os dos membros dos quartéis, respectivamente. Em 2005, a diferença estava em torno de 360% em ambos os casos.
E hoje, depois de toda a 'novela' que foi conceder um pagamento maior para os militares, que está, digamos, há anos luz de poder ser chamado de reajuste e muito menos de aumento (leiam detalhes aqui: http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/artrebeccasantarquivo1.htm#191202543), ainda houve Comandante das FFAA que tenha agradecido efusivamente ao ministro da defesa pela 'conquista'. Crise entre as FFAA e Nelson Jobim? Parece que, pelo menos em relação aos comandos das Forças, não. Jobim freqüenta muitas das solenidades e festividades comemorativas tradicionais das FFAA. Em algumas delas, como convidado VIP, sua presença chega a fazer com que alguns destes eventos sejam, inclusive, modificados - não completamente, porém de forma bastante perceptível -, pelos organizadores, em sua estrutura e mesmo em seus propósitos, tudo na tentativa de agradar ao ministro.
No plano de ação militar, a tendência, parece, é a de que as FFAA como um todo estejam interessadas em compor o máximo de alinhamento com as diretrizes políticas e militares estabelecidas pelo governo, com o propósito firme de conseguir mais recursos para o reaparelhamento das mesmas. Nesse sentido, correm, livres, leves e soltos, por Brasília, os comentários de que o ministro Mangabeira Unger ignoraria solenemente as opiniões de muitos dos militares que 'tentam' trabalhar com ele. Dizem que ele faz o que quer - não se sabe se por conta dele ou do governo.
Qual será o preço que as próprias FFAA e a sociedade brasileira pagarão por esta 'estratégia' de relacionamento dos militares com o governo petista não se pode responder com exatidão. Ressalte-se, aqui, que os danos às FFAA não são privilégio nem invenção do governo Lula - é coisa que vem de longe e num crescendo, a partir de 1985.
Mas, com certeza, uma das conseqüências apareceu, notória e publicamente, esta semana, com a ação dos 11 militares, que agindo sob aparato militar, e demonstrando uma burrice inacreditável (* - observações que não podem deixar de ser lidas), praticaram um crime injustificável e pelo qual devem ser exemplarmente punidos, como deveria acontecer com todos aqueles que têm cometido todo o tipo de crime e de barbaridade pelo país.
O ministro da justiça Tarso Genro, sobre este fato, perdeu mais uma das muitas oportunidades que já teve de permanecer calado. Ele disse, em declarações à imprensa, que o episódio era prova de que as FFAA não estão qualificadas para atuar no combate ao crime organizado urbano. Falou como se isso fosse válido genericamente, desconsiderando-se as especificidades de cada ocasião em que as FFAA podem ser empregadas para este tipo de atuação.
O ministro deve, certamente, ler os jornais e deve saber, perfeitamente, que as tropas militares brasileiras que estão no Haiti, fazem por lá um trabalho difícil, porém,extraordinariamente bem feito, agindo em ambientes e situações bastante semelhantes às que ocorrem em muitas das favelas brasileiras. Muitos haitianos os consideram verdadeiros heróis.
Nunca aconteceu no Haiti nada que se assemelhasse, nem de perto, com o que foi feito, por pelo menos 3 dos 11 militares do EB que estão detidos.
Por que este contraste? Resposta a perguntas como essa já são motivo de debates entre especialistas cujos resultados podem ser encontrados com facilidade na internet. O assunto é extremamente polêmico. Alguns acham que depende apenas de que se estabeleçam leis e regras específicas para a atuação das FFAA no combate ao crime organizado urbano aqui no Brasil. Eu, particularmente, acho que há outros problemas bem mais sérios que precisariam ser equacionados antes de qualquer simples regulamentação de forma de atuação dos militares neste campo. Mas, não falarei sobre isso neste artigo.
O fato é que, assim como acontece com grande parte do contingente das polícias civil e militar, especificamente as do Rio de Janeiro, nossos soldados, cabos, sargentos, tenentes e até capitães das FFAA, devido aos salários que percebem, residem dentro ou nas vizinhanças das favelas, locais que os colocam, e também a seus familiares, em pleno alcance dos criminosos dos quais podem se tornar vítimas ou até mesmo camaradas, ainda que nesse último caso isso não signifique, necessariamente, que deva haver uma relação de cumplicidade criminosa.
Não, a pobreza não leva um indivíduo, obrigatoriamente, a se transformar num criminoso. Há milhares de exemplos que podem comprovar isso. Mas, sem dúvida, tudo o que está ligado ao ambiente da pobreza, não em qualquer lugar do mundo, mas especificamente em algumas das grandes cidades brasileiras, não há como negar, pode contribuir bastante para essa transformação. E a realidade é que grande parte das pessoas que ainda têm interesse em seguir a carreira militar das FFAA crescem exatamente nestes ambientes, ou bem próximos a eles.
O que é que a sociedade pode esperar de uma situação como essa? Que, por exemplo, ao vestir uma farda das FFAA, muitos desses indivíduos simplesmente passarão por um processo miraculoso de redenção e se transformarão em pessoas desprovidas de passado? E quando muitas destas pessoas estiverem lá no generalato, o que esperar? Um dia, por obra, graça e inevitabilidade do simples passar do tempo, estaremos todos a viver exatamente esta situação, se nenhuma providência for tomada agora, já, imediatamente.
Esperar o quê? Que homens do nível de especialização da grande maioria dos sargentos mais antigos que ainda temos atualmente na Força, ou que homens da capacidade intelectual e profissional que também ainda compõem, hoje, as fileiras de oficiais superiores de nossas FFAA, nas gerações futuras, por um ato de insanidade, venham a se interessar em cometer uma espécie de suicídio vocacional, optando por uma carreira militar que os fará passar o resto de suas vidas suportando o achincalhamento da mídia, o desprezo dos governos sucessivos por suas condições salariais e de trabalho, condições estas que os levarão à frustração profissional e, muito provavelmente ligada a ela, à frustração pessoal e familiar? Quem é que, em nossa sociedade, pode, sinceramente, contar com este tipo de milagre?
O leitor acredita que o governo esteja minimamente interessado em tomar as providências, tão necessárias, para resolver esse grave problema? Deixo esta pergunta para sua reflexão.
Rebecca Santoro
E-mail: rebeccasantoro@gmail.com
Imortais Guerreiros - http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/index.htm
A VOZ DOS GUERREIROS - http://imortaisguerreirosnossavoz.blogspot.com/
(Cópia em: http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/reproduoavozdosguerrei.htm)CRISE AÉREA: http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/crisearea.htm e http://acidentetam2007.blogspot.com/
MEMÓRIA INFOMIX: http://acidentetam2007.blogspot.com/ (Deixe seu recado)MEMÓRIA MÍDIA SEM MÁSCARA: http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/mdiasemmscara.htm
(*) A ação dos militares envolvidos no crime é tão 'auto-denunciatória', tão cercada de elementos que facilmente conduziriam à descoberta dos criminosos, que até parece ter sido cometida por encomenda de gente que quisesse provar, dessa vez, cabalmente, que não se pode confiar nas FFAA - no preparo pessoal e profissional de seus elementos. Coisa de gente que joga pra valer nessa estória de cumprir com metas necessárias para conquistar e para permanecer no poder. É impressionante a rapidez com que se mobilizam, quase que por fenômeno premonitório, os defensores dos direitos humanos: um dia depois de descobertos os corpos dos rapazes, já havia sido confeccionada uma boa quantidade de camisetas temáticas com as fotos das três vítimas, e que passaram a ser usadas pelos parentes e amigos.
Coincidentemente, desde as falas do General Heleno sobre a Amazônia, a política indigenista e o perigo da demarcação em terras contínuas da reserva indígena Raposa da Serra do Sol, estranhamente, não pararam de se suceder tentativas de envolver as FFAA em escândalos que as desmoralizassem perante a opinião pública. Finalmente, depois da morte de civis, não importa se de criminosos ou não, pelas mãos de gente que fazia parte das FFAA, pode ser que surta o efeito pretendido por estes 'agentes do além', por obra do acaso ou não, ou talvez por mais sorte de uns do que de outros.
Estranho também é o fato de que, desde que as denúncias a respeito da participação da Casa Civil e, conseqüentemente, do Planalto, em operações ilegais e lesivas ao patrimônio nacional, nas compras e nas vendas do complexo da Varig, o MST e movimentos congêneres, apesar de já passado o tradicional Abril Vermelho - mês em que costumam promover ações coordenadas de invasões e de quebra-quebra por todo o país - resolveram, em pleno mês de junho, retomar estas mesmas práticas, chamando, obrigatoriamente para si, boa parte da atenção que precisa ser dispensada pela mídia para dar conta de informar sobre tudo o que está acontecendo de mais importante no país.
Com tanta coisa para noticiar, o caso gravíssimo da Bancoop, por exemplo, que envolve suspeita de assassinato e de repasse ilegal de dinheiro para campanhas eleitorais, incluindo a de Luis Inácio Lula da Silva, para presidente, em 2oo2; e o das cartas de um dos chefões das FARC colombianas, Raul Reyes, morto recentemente por tropas militares da Colômbia, dirigidas ao nosso excelentíssimo senhor presidente da república, e que foram encontradas, entre outras coisinhas também comprometedoras de envolvimento do governo brasileiro com os terroristas, nos computadores de Reyes apreendidos na mesma operação em que ele foi morto - são alguns dos casos que estão sendo tratados pela cobertura midiática com relevância muito aquém do destaque que mereceriam, tamanha importância que têm no próprio destino do país.

terça-feira, 24 de junho de 2008

TURMA 69(ANOS DE CHUMBO)

OPINIÕES E POSIÇÕES (Heitor de Paola - psiquiatra e psicanalista)O texto abaixo é uma carta que mandei para um jovem debatedor de outrogrupo de discussão que me parece um democrata autêntico e sincero, mas submetido ao encantamento gramscista da moda.
Tudo começou quando eleescreveu: "Eu ainda prefiro a democracia petista aos anos de chumbo daditadura de 64".Apenas perguntei: "Você vivenciou os chamados "anos de chumbo" parapoder afirmar isto"? E ele me respondeu que não precisava, poistambém nunca viveu em Cuba e pode dizer que aquilo não lhe serve.Como eu já estava querendo escrever sobre isto, estou aproveitandopara postar neste grupo, também, onde alguém de fora há uns tempos sereferiu aos "comunistas arrependidos" com desdém, se referindo a mim.Caro RSabe por que você nunca viveu em Cuba? Porque os militares, a pedidoda população, abortaram a tentativa de fazer do Brasil uma Cuba,pelos mesmos que hoje, na "democracia petista", estão no poder e vãotentar de novo, pode ter certeza. A frase do Olavo de que "ademocracia leva à ditadura" é o que talvez venhamos a experimentar embreve e são as verdadeiras intenções dos "democratas" Zé Dirceu,Genoíno e caterva. Pois eu vivi intensamente aqueles anos: em 64 eu jáestava no segundo ano da Faculdade, era Vice-Presidente do CentroAcadêmico e, obviamente, como qualquer babaca daquela época, deesquerda, da AP (a mesma do Serra).Estive foragido alguns dias, e fiquei dois meses preso.Perdi um ano de estudos. E me desencantei. Com as esquerdas, não comos militares. Em 68, inicio do ano, foi oficialmente lançada a "lutaarmada". Eu participei das reuniões com gente vinda de Cuba, não émentira não, eles estavam aqui fornecendo dinheiro e armas tchecaspara tornar o Brasil uma outra Cuba a serviço de Moscou, como aoriginal.Não era nada de democratas em luta contra uma ditadura como hojedizem: eram comunistas querendo instalar uma verdadeira ditaduratotalitária!Eu estudei os textos, meu chapa, não ouvi falar nem li em livrecosidiotas escritos por ex-seqüestradores. Sabe o que nos era indicadopara ler? Mao Tse Tung, Ho Chi Min, Nguyen Vo Giap, Lenin, Che, Fidele, como não podia faltar um francês, Régis Debray, o tal da "Revoluçãona Revolução". Como descobri que eu era, autenticamente, um democrata- mas sem negar os riscos da democracia -, pulei fora e, acredite,meus "companheiros democratas" me ameaçaram, a mim e à minha entãonamorada.Como eu sou um ávido leitor de livros policiais e de espionagem,inventei uma carta colocada no cofre de três advogados com todos osnomes e esquemas, para ser entregue no quartel mais próximo, caso algoocorresse comigo ou com ela... e me livrei das ameaças!Eu frisei que isto ocorreu no início de 68, porque hoje é dito que aluta armada foi desencadeada contra o endurecimento da ditadura com oAI 5, quando foi justo o oposto: o AI 5 foi conseqüência dodesencadeamento da luta armada! Você me diz, com toda a sapiência dehistoriador: "Heitor, história é história". E eu te respondo: históriaé um troço escrito por gente e, como tal, cada um puxa a brasa para asua sardinha. Os reais vencedores de 64 foram os que escreveram estasmentiras que você, como tantos outros democratas sinceros, engole comfacilidade!Pois no Governo Castelo Branco - que hoje reputo como o maiorestadista brasileiro do Século XX (tenho engulhos quando ouço dizeremque este idiota pomposo do FHC é estadista!) - e também nos primeirosanos do Costa e Silva, o Brasil era uma efervescência cultural. Noteatro surgiram grupos como o Opinião que atacava publicamente oregime. A peça "Liberdade, Liberdade" era um libelo contra a"ditadura". Surgiu "O Pasquim" que ironizava os "milicos" e oStanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) com seu FEBEAPÁ (Festival deBesteiras que Assola o País - como faz falta hoje em dia!) que nãopoupava ninguém. Juca Chaves, ácido crítico dos militares (sua modinha"Brasil já vai à guerra" devia irritá-los profundamente) , cantava àvontade.Aliás, ainda em 70 (Governo Médici), ele dizia o que bem entendia noCirco Irmãos Sdruws, no Parque da Catacumba, na Lagoa Rodrigo deFreitas, Rio. Isto não é história escrita, eu fui a três shows.Ocorreram os Festivais da Canção, com as músicas anti militaristas deGeraldo Vandré - hoje um puxa-saco dos "milicos" da FAB - e as doChico Buarque, entre muitas outras...O Caio Prado Jr, comunista de carteirinha, publicava em sua Editora oque bem queria, bem como a Ed. Civilização Brasileira. A velha editorado PCB, a Editorial Vitória Ltda, editava e distribuía livros deMarx, Engels e Lenin. Sua sede ficava na antiga Rua das Marrecas (hojevoltou a se chamar assim), à época Rua Juan Pablo Duarte, no Centro doRio, num sobrado que tinha sido a sede do Partidão no Estado daGuanabara. Isto, meu caro, não é história, fui à minha estante agoramesmo buscar um livro editado em 64 e que eu comprei livremente, emlivraria aberta, em 1970 (Médici): "A origem da Família, daPropriedade Privada e do Estado", do Engels, de quem Marx era gigolô.Em 1971, comprei da Editora Saga, também de orientação comunista, "AHistória da Revolução Russa" de Leon Trotski, em 3 volumes de lombadavermelha, como sói!Se você não me chamar de mentiroso, ou como fez com a A. e o P., levarno sarcasmo hostil, vê se abre a tua cachola para algo que não seja a"história oficial".Houve sim uma guerra revolucionária em que ambos os lados mataram. Porque raios só os de um lado hoje recebem comendas, indenizações eaposentadorias milionárias, status de pobres vítimas; e os do outrosão desmoralizados, suas corporações são sucateadas - como semantê-las fosse só do interesse deles e não da Defesa Nacional,cáspite! - têm seus soldos achatados e suas aposentadorias ameaçadasde serem tungadas para sobrar dinheiro para o BNDES mandar para aVenezuela?Adiantando-me a algumas idiotices que já ouvi: não, meu caro, não soupuxa-saco de milicos nem o Olavo de Carvalho é meu guru.Estou numa situação curiosa na qual a "tchurma" da esquerda me chamadisto aí, e os nacionalistas de direita me chamam de entreguistaporque não concordo com anti-americanismo obsessivo reinante.Incrível, não?Para terminar, um pouco só de teoria histórica. Hanna Arendt - que jánão é lida, sequer conhecida dos modernos "historiadores" - fez umadiferenciação entre regimes autoritários e totalitários, diferenciaçãoesta que as esquerdas execram, pois põe a nu suas mentiras: "Osprimeiros são regimes [como o de 64] em que alguns são perseguidos,mas não se impõem o pensamento único [tanto que a esquerda venceu noterreno "intelectual" ]. Os outros são aqueles em que se impõe opensamento único do qual não pode haver a mínima discordância[...senão, paredón!]. Nos primeiros, a imprensa é censurada [o queocorreu aqui]; nos segundos, a imprensa é totalmente destruída sósobrando o órgão do Partido condutor das massas [seja o Pravda, oGranma, o Vöelkischer Beobachter ou o Popolo d'Italia]."Leia algo mais dos que as cartilhas oficiais, que você só tem a se beneficiar.Atenciosamente.Heitor de Paola

BENDITO DESPREPARO !!!

Bendito despreparo
É premente a necessidade de evitar que os militares sejam periodicamente vítimas do conceito de culpa coletiva, uma idéia de raízes nazifascistas
Por Alon Feuerwerker
alon.feuerwerker@correioweb.com.br

Quem é o comandante-em-chefe das Forças Armadas (FFAA)? O presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quem é o responsável pela segurança pública no Rio de Janeiro? O governador Sérgio Cabral.
Num crime horrendo, traficantes do Rio mataram três rapazes, entregues aos bandidos por militares que supostamente haviam sido desacatados pelo trio. Os oficiais e soldados envolvidos já estão presos e irão pagar na forma da lei, militar ou civil. Parabéns às FFAA pela rapidez nas providências. Já os traficantes homicidas continuavam soltos até o momento em que escrevia esta coluna. Vamos aguardar como age no caso a polícia do governador Cabral.
Há todo um movimento de opinião pública para imputar às FFAA, como instituição, a responsabilidade pelo terrível episódio. Isso é tão razoável quanto culpar a Igreja Católica por um eventual caso de pedofilia de um padre. É tão lógico quanto apontar o dedo acusador contra a direção nacional de um partido pelo fato de um vereador da legenda cobrar propina para acompanhar o prefeito nas votações da Câmara Municipal.
Também está na moda dizer que as três mortes indicam a falta de preparo das FFAA para cumprir missões na esfera da segurança pública. Até gente do governo defende a tese. Não deixa de ser curioso, já que, segundo a própria administração federal, as FFAA estão bem preparadas para executar esse tipo de missão no Haiti. Talvez porque nossa presença militar naquelas paragens do Caribe seja pedra de toque do lobby de Lula para obtermos uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Se os militares brasileiros podem estar em Cité Soleil, por que não podem marcar presença no Morro da Providência? Claro que podem. Desde que o façam com o mesmo profissionalismo mostrado, até agora, nas favelas de Porto Príncipe. Evidente que problemas podem acontecer. Soldados são seres humanos, gente de carne e osso sujeita a fraquezas. Para preveni-las e puni-las, aliás, é que existe a lei.
Outro equívoco é defender que as FFAA devem restringir sua ação à defesa do país contra o inimigo externo. As FFAA não só podem como devem empregar seus recursos e sua conhecida capacidade em missões internas nas esferas do desenvolvimento econômico e do progresso social. Fora os lobbies contrariados, não vejo ninguém reclamar quando as FFAA são chamadas pelo presidente Lula para realizar obras rodoviárias. Ou quando se envolvem no apoio material à saúde e à educação de populações necessitadas .
Falsos argumentos à parte, o problema hoje enfrentado pelas FFAA é principalmente político. Nas hostes do antimilitarismo há os sinceros, que no íntimo ainda não conseguiram apagar a memória dos anos da ditadura. E há os espertos, que se valem do compreensível sentimento dos sinceros para tentar encurralar os militares e impedir que exerçam, no âmbito da democracia, seu papel constitucional na defesa do Estado brasileiro e contras as ameaças internas e externas. Um exemplo é a reserva indígena Raposa Serra do Sol.
As FFAA devem habituar-se à dura fiscalização pela sociedade, elemento constitutivo do regime democrático. E a sociedade deve acostumar-se ao fato de as FFAA serem uma instituição como outra qualquer, com bons e maus integrantes. Daí a absoluta e premente necessidade de evitar que os militares sejam periodicamente vítimas do conceito de culpa coletiva, uma idéia de raízes nazifascistas, para não irmos mais longe.
Por falar em esperteza e sinceridade, talvez você esteja a se perguntar por que as duas interrogações no primeiro parágrafo desta coluna. Ora, as FFAA não estariam cumprindo sua atual missão carioca sem a anuência do comandante-em-chefe. E soldados não poderiam confraternizar com traficantes se a polícia do Rio estivesse realmente empenhada em combater os criminosos. Elementar. Mas, assim como no recente caso da epidemia de dengue no Rio, Lula e Sérgio Cabral decidiram mergulhar e fazer que não é com eles. É uma tecnologia conhecida: fingir-se de morto na hora da batalha e aparecer depois para dividir os bônus da vitória.
Cabral e Lula são momentaneamente beneficiados por uma situação política peculiar. A presença do Exército no Morro da Providência relaciona-se com um projeto do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), candidato a prefeito da capital fluminense. O episódio das três mortes caiu, neste ano eleitoral, como uma luva para os muitos adversários do senador e da igreja dele, a Universal do Reino de Deus (Iurd). Como a igreja tem angariado mais inimigos do que recomendaria a prudência, o tempo fecha para Crivella e ninguém cobra nada do presidente e do governador.
Pensando bem, talvez num aspecto as Forças Armadas estejam mesmo despreparadas. Parece faltar aos nossos militares o necessário adestramento para freqüentar os meandros e labirintos de uma política partidária conduzida sem o menor apreço à verdade e ao interesse público.
Bendito despreparo.
BRASIL ACIMA DE TUDO!!!

domingo, 15 de junho de 2008

SÓ LEMBRANDO...........

“Pela anistia se elimina não somente a punibilidade da ação, mas a sua própria existência como crime, isto é, as conseqüências penais que dele podem decorrer” (Mirador, Tomo 2, Encyclopaedia Britannica).
O Grupo Tortura Nunca Mais aproveita-se da mídia e da chantagem perante o Governo, de quem recebe gordas verbas, para a toda hora acusar aqueles que combateram o terrorismo no Brasil, nas décadas de 1960 e 70, taxando-os de “torturadores”. Apesar de a Lei da Anistia continuar em vigor, e que por isso deveria ser aplicada a todos – mesmo a “torturadores”, caso houvesse –, muitos brasileiros estão ainda hoje sendo patrulhados pelo Tortura, com prejuízos profissionais, sociais e familiares irreparáveis. Ou seja, um grupo que pretensamente combate a tortura, está aplicando a mesma tortura a muitos cidadãos brasileiros, pois tortura psicológica também é tortura.
Como constatou recente estudo da ONU, o Brasil continua aplicando a tortura rotineiramente, mesmo sem ter grupos guerrilheiros - pelo menos não declarados, como o MST. A esquerda, encabeçada pelo Tortura, clama para si o monopólio da tortura, já que nunca se pronunciou, p. ex., a respeito da tortura praticada contra o tenente da PM de São Paulo, Alberto Mendes Júnior, que foi morto por ordem de Carlos Lamarca a coronhadas de fuzil, no dia 10 de maio de 1970.
Abaixo, é transcrito um relato de Ternuma (www.ternuma.com.br) sobre a morte de um autêntico herói brasileiro, Mário Kozel Filho. Esse herói não é exaltado em nosso País. Não possui bustos nas cidades brasileiras, não empresta seu nome a ruas e praças, como ocorre com o principal responsável por sua morte, Carlos Lamarca, que é apresentado aos brasileiros como um de seus grandes heróis. Consulte o site de Tortura ( www.torturanuncamais.org.br) e depois diga se consta algum assassinato na longa biografia criminosa de Lamarca. Por esse e outros crimes cometidos, familiares de Lamarca receberam mais de R$ 100 mil da famigerada “Comissão de Desaparecidos Políticos”, criada no primeiro Governo FHC.
Exemplos dessa escandalosa “ação entre amigos” são encontrados aos montes. Iara Xavier Pereira e Suzana Kiniger (ou Suzana Lisboa), integrantes da Comissão, que pertenceram à organização terrorista ALN, se autobeneficiaram, recebendo gorda indenização da União. Iara participou de diversas ações armadas e foi “premiada” pelas mortes de seus irmãos e marido (respectivamente Iuri Xavier Pereira, Alex de Paula Xavier Pereira e Arnoldo Cardoso Rocha), mortos em tiroteiro com a polícia (todos tiveram treinamento em Cuba). Suzana Lisboa, do Movimento Tortura Nunca Mais, foi “premiada” com a morte do marido Luiz Eurico Tejera Lisboa, também treinado em Cuba. Somente essa familiar “ação entre amigos” rendeu R$ 600.000,00 (4 x R$ 150.000,00). No Diário Oficial da União n.º 91, de 11 de maio de 2001, o leitor poderá constatar que o Tortura recebeu R$ 140.000,00 do Governo Federal, para um pastoso projeto chamado “Construindo a Cidadania: Formação de Educadores e Lideranças”.
Se o Tortura abrir a boca para denunciar o “nunca mais” que tanto apregoa, se cobrar providências do Governo, a respeito das denúncias de tortura feitas pela ONU, as moedas deixarão de tilintar no seu cofrinho. Fosse o 26 de junho aniversário da morte de Lamarca, Marighela, Prestes ou algum outro facínora de tal quilate, os jornais certamente trariam enormes cadernos alusivos à vida desses “heróis” da esquerda. Mas, como foi apenas aniversário da morte de um simples “reco”, Mário Kosel Filho, por que os jornais iriam gastar papel e tinta para relembrar o episódio? Afinal, foram somente 50 kg de dinamite que explodiram Kuka… Com a atual desinformação sendo ministrada continuamente aos brasileiros, especialmente aos mais novos, que não conheceram os “anos de dinamite”, é importante que se traga a público este bárbaro crime cometido contra o País. Por isso, mais do que sempre, lembrar é preciso.
“ATENTADO AO QG DO II EXÉRCITO*
Em 1969, o jovem Mário Kosel Filho, conhecido em sua casa como “Kuka”, é convocado para servir à Pátria e defendê-la contra possíveis agressões internas ou externas e é designado para o Quartel General do II Exército, em São Paulo/SP. Na mesma época, o Capitão Carlos Lamarca, formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, serve no 4º RI, em Quitaúna/SP. O destino dos dois vai se cruzar tragicamente. A época é difícil, pois brasileiros pertencentes à organizações terroristas tentam, através da luta armada, implantar uma ditadura comunista no Brasil.
O Capitão Lamarca, no dia 24/01/69, trai a Pátria que jurou defender. Rouba do 4º RI muitos fuzis, metralhadoras e munição, deserta e entra na clandestinidade. O material bélico roubado é entregue à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), uma organização terrorista que Lamarca já integrava, antes de desertar.
O soldado Kosel continua servindo, com dedicação, a Pátria que jurou defender. No dia 26/06/68, como sentinela, zela pela segurança do Quartel General, no Ibirapuera. Às 0430h, ele está, vigilante em sua guarita. A madrugada é fria e a visibilidade muito pouca. Nesse momento, um tiro é disparado por uma sentinela contra uma camioneta Chevrolet que desgovernada tenta penetrar no quartel. Seu motorista saltara dela em movimento, após acelerá-la e direcioná-la para o portão do QG. O soldado Rufino, também sentinela, dispara 6 tiros contra o mesmo veículo que finalmente bate na parede externa do quartel. Kozel sai do seu posto e corre em direção ao carro para ver se há alguém no seu interior. Há uma carga com 50 quilos de dinamite que, em segundos depois, explode e espalha destruição e morte num raio de 300 metros. Seu corpo é dilacerado. Seis militares ficaram feridos: o Cel Eldes de Souza Guedes e os soldados João Fernandes de Souza, Luiz Roberto Juliano, Edson Roberto Rufino, Henrique Chaicowski e Ricardo Charbeau.
É mais um ato terrorista da organização chefiada por Lamarca, a VPR. Participaram deste crime hediondo os seguintes onze terroristas: Waldir Carlos Sarapu (”Braga, “Rui”), Wilson Egídio Fava (”Amarelo”, “Laercio”), Onofre Pinto (”Ari”, “Augusto”, “Bira”, “Biro”, “Ribeiro”), Eduardo Collen Leite (”Bacuri”, “Basilio”), Diógenes José Carvalho de Oliveira (”Leandro”, “Leonardo”, “Luiz”, “Pedro”), José Araújo de Nóbrega (”Alberto”, “Zé”, “Pepino”, “Monteiro”), Oswaldo Antônio dos Santos (”Portuga”), Dulce de Souza Maia (”Judith”), Renata Ferraz Guerra de Andrade (”Cecília”, “Iara”), José Ronaldo Tavares de Lira e Silva (”Dias”, “Joaquim”, “Laurindo”, “Nunes”, “Roberto Gordo”, “Gordo”) e Pedro Lobo de Oliveira (”Getúlio”, “Gegê”).
Após a sua morte o soldado Kosel foi promovido a 3º sargento e sua família passou a receber a pensão correspondente a este posto. O Exército Brasileiro numa justa homenagem colocou o seu nome na praça de desfiles do QG do II Exército. Lamarca continuou na VPR seqüestrando, assaltando, assassinando e praticando vários outros atos terroristas, até o dia em que morreu, de arma na mão, enfrentando uma patrulha do Exército que o encontrou no interior da Bahia em 1971. Sua família passou também a receber a pensão militar correspondente. Apesar de todos os crimes hediondos que cometeu, sendo o mais torpe deles o assassinato a coronhadas de seu prisioneiro tenente PM Alberto Mendes Júnior, Lamarca é apontado como herói pelos esquerdistas brasileiros. Ruas passam a ter seu nome. Tentam colocar seus restos mortais num Mausoléu na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Um filme é feito para homenageá-lo. Mário Kosel Filho, soldado cumpridor dos seus deveres, cidadão brasileiro que morreu defendendo a Pátria, está totalmente esquecido.
Além do esquecimento a Comissão dos Mortos e Desaparecidos que já concedera vultosas indenizações às famílias de muitos terroristas que nunca foram considerados desaparecidos, resolveu indenizar, também, a família Lamarca, numa evidente provocação às Forças Armadas e desrespeito ás famílias de Mário Kosel Filho e de muitos outros que como ele morreram em conseqüência de atos terroristas. Essa Comissão generosamente distribui o dinheiro do contribuinte apenas àqueles que morreram tentando, através da força das armas, tornar o Brasil um satélite comunista.”