segunda-feira, 22 de março de 2010

A FOME E O SOCIAL - EXERCITO ESTÁ COM FOME

A FOME E O SOCIAL - EXERCITO ESTÁ COM FOME

Alexandre Garcia

Quando eu servi o Exército, em 1959, e era Comandante Supremo o Presidente
Juscelino, o quartel nos dava três refeições diárias, sete dias por semana.
Eu nem dormia no quartel, mas antes de ir para a aula à noite, passava no rancho para
o jantar. E de manhã cedinho ia para o rancho para o desjejum. Até nos sábados e domingos,
ia para o 7º RI para economizar o almoço em restaurante de Santa Maria.
Hoje, leio boletim do Comandante do Exército:
- “Considerando a vigência do contingenciamento dos recursos orçamentários do Exército e
suas conseqüências restritivas, informo à Força que (...) o expediente às segundas-feiras
deverá iniciar-se às 13 horas e encerrar-se às 18 horas, sem refeições.”
Ou seja, segunda-feira não tem rancho, como já não tem na sexta, sábado e domingo.
Ao explicar a compra de 36 caças para a FAB, o atual Comandante Supremo, Presidente
Lula confessou que já sabia dessa necessidade.
- “Eu não ia pensar em avião em 2003, se o país estava com fome.”
Agora é o Exército que está com fome. No reaparelhamento das Forças Armadas, para 2010,
a Marinha leva 2,7 bilhões de reais, a FAB 1,6 bilhões e o Exército fica com 361 milhões.
De 2003 até o último semestre, as forças armadas tiveram uma redução de 14% em seus
orçamentos. Desde os anos 80 as forças armadas vêm sendo sucateadas, enquanto muitos
vizinhos se armam.

“Se queres a paz, prepara a guerra” – aconselha o dito romano.
É a força de dissuasão de um país. Seria necessária?
No norte, temos o bolivariano Hugo Chavez, que dispensa comentários;
a oeste, na Colômbia, as FARC; sem fazer fronteira, o bolivariano Correa no Equador;
mais ao sul, Evo Morales, que mandou o exército boliviano invadir instalações da Petrobrás;
no Paraguai, o bispo Lugo, que já fez ameaças a Itaipu. E não me venham dizer que a América
Latina é uma região pacífica. Deixando de lado a Guerra do Paraguai, lembro as mais recentes,
como a do Chaco, entre Bolívia e Paraguai, por petróleo, que deixou 90 mil mortos nos anos 30.
A revolução cubana, que implantou uma ditadura que já dura 50 anos e que, durante décadas,
tentou exportar a derruba de governos latino-americanos.
Em 1969 tivemos a Guerra do Futebol, entre El Salvador e Honduras, por uma classificação na
Copa. Equador e Peru andaram trocando tiros há menos de 20 anos.
Nas Malvinas, os argentinos quase provocam uma guerra no cone sul, pois invadiriam as ilhas
chilenas de Beagle, se os ingleses não reagissem.
A Colômbia, hoje, tem que lidar com seus vizinhos bolivarianos Venezuela e Equador, que torcem
pelas FARC. E por aí vai.
Dentro do Brasil tivemos, 15 anos depois de Canudos a Guerra do Contestado, que durou quatro
anos e 20 mil mortos, na mesma época da Grande Guerra.

A melhor maneira de derrotar um exército, sem precisar dar um tiro, é cortar-lhe os suprimentos.
Saladino derrotou assim os cruzados cristãos; a Rússia derrotou Napoleão e Hitler porque
faltaram suprimentos aos invasores. Nas Malvinas, os ingleses cortaram os suprimentos da ilha.
O Exército Brasileiro já recebeu 80 mil recrutas por ano. Hoje recebe metade disso.
Por ano, apresentam-se 1.300.000 jovens. Já imaginaram se houvesse recursos para incorporar
todos? Um exército de tremendo poder de dissuasão. E, mais do que isso, 1.300.000 jovens das
classes mais pobres fora das ruas, das drogas, com três refeições por dia, preparo físico, assistência
médica e dentária, aprendendo civismo, disciplina, obediência às leis e à autoridade e aprendendo
uma profissão? Seria o maior programa social do país.

--E, acrescento, a amar o país diuturnamente, não só nos dias de copa do mundo, a amar e respeitar
o Pavilhão Nacional, que muitos fazem de toalha de rosto e ou tapete.

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