segunda-feira, 23 de maio de 2011

ENTREVISTA DO GEN HELENO!

Fibra de Herói ou Marcha Soldado?

>Por Jorge Serrão
>
> Desprestigiado pela chefona-em-comando Dilma Rousseff, que não gosta
> dele pessoalmente, mas é obrigada a engoli-lo em seu time ministerial,
> Nelson Jobim se supera a cada entrevista. O ministro da Defesa deu
> mais uma demonstração de retranca. A equipe da TV Senado lhe
> perguntou, na lata, em uma entrevista que ainda vai ao ar: “Ministro,
> quem é o inimigo do Brasil?”.
>
> Jobim preferiu minimizar, avaliando que o Brasil não tem inimigo.
> Respondendo tal inverdade – não por ignorância, mas por conveniência
> -, Jobim abre a brecha para que um militar ou estudioso de assuntos
> estratégicos globalitários também possa ironizar, maldosamente, que o
> Brasil não tem ministro da Defesa...
>
> Ter ou não ter? A questão é supérflua. O que o Brasil precisa são de
> Forças Armadas em reais condições de cumprir o papel de garantir a
> soberania nacional e a defesa da Pátria – princípios detonados,
> sistematicamente, pela lógica canalha do globalitarismo. O País não
> precisa de um “Exército da Salvação”. É importante a atuação dos
> militares em missões especiais, como a de Defesa Civil, no socorro a
> catástrofes.
>
> É questionável a atuação direta como empreiteira de obras públicas.
> Também é polêmica a ação, interna ou externa, como uma “Polícia
> Militar de Elite” – como acontece no Haiti ou nas barras pesadas de
> operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Os segmentos
> esclarecidos da sociedade brasileira precisam parar para discutir a
> função verdadeira das Forças Armadas – as efetivas garantidoras da
> Nação.
>
> Tomara que tais assuntos entrem na pauta da esperada entrevista, a
> partir das 23h 30min deste domingo, no programa Canal Livre da Rede
> Bandeirantes. A expectativa é que o General de Exército Augusto
> Heleno, recém mandado para a reserva, solte o verbo sobre questões que
> afligem as Forças Armadas, em particular, e os brasileiros que
> conseguem ainda observar, lembrar, pensar e agir, no geral.
>
> Nelson Jobim, que não gosta do Heleno, deve deitar mais tarde, para
> assistir ao evento. A entrevista foi agendada, na surdina, pela cúpula
> do EB, que tem boas relações com o dono do grupo Band. O empresário
> Johny Saad ama a Força porque é oficial R-2 da Reserva do EB. Cursou o
> CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva).
>
> Tomara que a entrevista do General Heleno seja o ponta-pé para as
> Forças Armadas saírem da retranca. O ataque assimétrico à imagem dos
> militares e aos valores nacionais se intensifica na mídia (amestrada e
> abestada) e nos autoproclamados meios “intelectuais”. Os militares não
> podem ficar inertes levando pancadas ideológicas pós-1964. É hora de
> espantar o “medinho” – como diaria o Capitão (que virou Coronel)
> Nascimento. A coragem responsável , democrática e dentro da
> legalidade, é a diferença entre uma tropa de elite e uma tropa de
> zelite – aquela marca de vasos sanitários...
>
> As Legiões pagam caro pela maior bobagem histórica que cometeram, que
> foi o verdadeiro golpe de 1985 – quando permitiram que José Sarney
> fosse empossado na Presidência, com a morte de Tancredo Neves. O certo
> seriam novas eleições. Na época, o General Leônidas e a cúpula das
> Forças Armadas foram os fiadores do imortal político maranhense. Azar
> do Brasil e deles, por extensão.
>
> Por isso, nada custa dar uma seguida nos conselhos de Claude Michel
> Cluny, em seu estudo sobre a Guerra do Pacífico (Chile, Peru e Bolívia
> - 1879-1883), que mudou a geopolítica da América do Sul, e foi citado
> pelo economista Cesar Maia, em seu ex-blog, na semana passada. Abram
> áspas, se quiserem: “Um exército que se limita a se defender é um
> exército derrotado. O exército imóvel se descompõe sempre. Os sistemas
> absolutos e exclusivos se desintegram sempre. A defensiva não é um
> erro, salvo se se transformar num sistema. Uma estratégia de defesa
> não é um fim em si mesmo. A importância de uma batalha não se mede
> pela amplitude de meios postos em jogo, mas pelos resultados
> estratégicos que incorpora”.
>
> Outros conselhos do mesmo Cluny se aplicam ao Jobim – que desacredita,
> ao menos publicamente, no inimigo do Brasil. Abram áspas de novo:
> “Sobre o inimigo nunca subsiste qualquer dúvida, mas quanto ao
> aliado..., bem..., é muito menos seguro”. Já para os militares que
> ainda não viraram “melancias", em sua maioria, outros conselhos úteis
> do Cluny: “Toda aliança traz consigo vantagens e armadilhas, essas
> ocultas por essas mesmas vantagens. Assim como uma torrente se amolda
> aos acidentes do terreno, assim um exército para vencer adapta a sua
> ação à situação do inimigo. Na política e na guerra, o que se deve
> fazer com toda a urgência, se faz demasiado tarde”.
>
> Enfim, como diria o bicheiiro-ficcional Giovane Improtta, “O tempo
> ruge”... Quem continuar perdendo tempo vai se ferrar. Afinal, como
> diria Machado de Assis, “matamos o tempo, o tempo nos enterra”.
>
> Enfim, a sociedade brasileira só precisa definir, urgentemente, se
> prefere cantar a “Fibra de Herói” ou cantarolar aquela musiquinha
> “Marcha Soldado”...
>
> Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor,
> Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos
> Estratégicos.

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