segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O DESASTRE AMORIM


Ipojuca Pontes
27 de julho 2008
Considero o ato do seu protegido como de alta traição.
(Do general Ludwig, ministro da Educação e Cultura, para o chefe da Casa Civil do governo Figueiredo, general Golbery do “Colt” e Silva, antes de demitir Celso Amorim da Embrafilme)
Como escrevi em algum lugar, Celso Amorim, o antigo Celsinho da Embrafilme, é o diplomata de “carrière” que o Brasil teria obrigação de desterrar, mas que nenhum país demo-crático do mundo desejaria receber. Amorim, como se sabe, é um desastre diplomático – por onde passa deixa a marca letal de incompetência, má-fé e arrogância. O seu (dele, lá) mentor intelectual – com o qual se envolveu como assistente de direção nos tempos do Cinema Novo – foi o cineasta comunista Leon Hirszchman, introdutor do leninesco “centralismo democrático” nas relações político-institucionais do cinema brasileiro.
Nomeado ministro das Relações Exteriores pelo aéreo Itamar Franco, Celsinho, digo, Amorim, viu-se às voltas, em 1993, com a ação terrorista das FARC, que fizeram explodir 200 quilos de dinamite (pura) na embaixada do Brasil em Bogotá, num atentado no qual mor-reram 43 colombianos e saíram feridas cerca de 350 pessoas, entre as quais oito funcionários e diplomatas lotados na nossa representação (*). Mesmo assim, instado a responder em data recente se considerava a guerrilha colombiana uma organização terrorista, o vosso chanceler tergiversou do seguinte modo: “O Brasil não faz classificação de quais organizações são terro-ristas e, por isso, não iria discutir se as FARC entram ou não nesta categoria”.
A posteriori, durante o primeiro mandato do sindicalista Lula, sempre dando a enten-der aos Estados Unidos que laborava em favor da criação da Alca, a Área de Livre Comércio das Américas, segundo ele num “formato à la carte”, o ministro do Itamaraty Vermelho passou a sabotar as negociações que nos abriria mercado de mais de 800 milhões de pessoas. E para sepultar de vez a perspectiva de uma zona de livre comércio, depois de procrastinar, o quanto possível, o acordo que nos levaria a participar de um PIB (Produto Interno Bruto) continental na ordem de US$ 12 trilhões, o chanceler de Lula, no seu antiamericanismo doentio, deixou que um funcionário do MRE associasse a Alca ao fulgor de uma “odalisca de cabaré barato”.
Agora, em Genebra, mais insolente do que nunca, o desastrado diplomata, no afã de sair-se como líder voluntarioso do emergente G-20, procurou detonar, no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio), a chamada Rodada Doha, que se arrasta há sete longos anos e que tem por objetivo estabelecer negociações multilaterais entre países ricos e pobres (cujos governos estão ficando mais ricos do que os dos países ricos), a partir da eliminação de subsídios e barreiras que dificultam o livre trânsito das commodities agrícolas, serviços e pro-dutos industrializados.
Ligado o dispositivo totalitário, Amorim, de saída, acusou os países ricos de adota-rem na Rodada uma estratégia nazista na condução das negociações, que incorporaria a má-xima de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, segundo a qual “uma mentira
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muitas vezes repetida torna-se verdade”. A coisa pegou mal, na mesa em que a presença de vítimas do nazismo é bem nítida. Na ordem prática das coisas, no entanto, o chanceler de Lula diz que os países desenvolvidos protelam a redução dos seus subsídios agropecuários – o que impediria as nações emergentes de comercializarem seus produtos agrícolas.
Os países desenvolvidos, por sua vez, ao anunciarem cortes de subsídios na área da agri-cultura, acusam os países membros do G-20, dos quais Amorim é uma das lideranças, de não promoverem, em reciprocidade, a respectiva abertura nas áreas industriais e de serviços. Mesmo levando em consideração que a Rodada não é apenas sobre agricultura, Amorim atravanca as negociações “fincando o pé” na velha posição de que, só cortando mais subsídio na área agrícola, poderia aventar alguma coisa no terreno industrial – numa manobra onde o saldo de confiança é zero. Agora me digam: quem diabo topa, numa Rodada de hienas, fazer negócio assim?
Ao citar a máxima de Goebbels sobre a mentira, o ministro do Itamaraty Vermelho esqueceu de mencionar a recomendação do estrategista Lenin, segundo a qual, instalado o quadro de conflito, o comunista deve “acusar o outro do crime que ele mesmo comete ou pen-sa”. Com efeito, para aplicar o golpe sobre o Governo Provisório de Kerensky e dos ex-aliados mencheviques na Rússia de 1917, o mentor da sangrenta revolução aconselhava aos súditos a adoção sem limites da mentira como arma, imputando aos adversários as tramas criminosas que praticava.
De fato, para chegar à vitória dos seus objetivos, Lenin era capaz de empreender qualquer tipo de trapaça, tais como calúnias, fraudes, delações, atentados, chantagens, alicia-mentos e falsificação de documentos. Marxista de carteirinha, ele acreditava, como de resto todo comunista, que, em nome do porvir revolucionário, o militante pode cometer todos os crimes possíveis, tendo como álibi a mentirosa verdade (utópica) revolucionária.
Para estudiosos isentos da história moderna, não há mais dúvida: a única diferença entre os objetivos do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nazi) e dos diversos partidos comunistas é que o primeiro prega a implantação do socialismo nos limites nacionais e o segundo o quer estabelecido internacionalmente. Para dominar a propriedade privada e o controle dos meios de produção, os nazistas fizeram do judeu (na Alemanha) o bode expiatório, enquanto os comunistas apontam os “burgueses capitalistas” como alvo de suas inculpações. O próprio Hitler, quando entre pares, costumava revelar que aprenderá muito, para atingir o poder, lendo Marx e observando Lênin e Mussolini.
Quanto à Rodada Doha, decerto que ela, em essência, foi inútil. Pois para o Itamaraty Vermelho a pendenga não é de caráter comercial, mas, sim, ideológico. E aí vale tudo, inclu-sive o uso da mentira revolucionária.
Nota:
(*) As Farc, desde outubro de 1986 mantinham negócios com o Cartel de Medellin, de Pablo Escobar, intensificando a guarda do narcotráfico nos primeiros anos da década de 1990. Os dados são do National Security Archive, do Pentágono.
Observações:
I. Fonte: Mídia sem Máscara
(http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/7004-o-desastre-amorim.html_
II. O autor Jornalista, Cineasta e Escritor;
III. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o pensamento da ABD.

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